MEDITAÇÃO TRANSCENDENTAL DO GÉNIO

Antes de ir para a sua sessão diária de meditação transcendental, que os arruaceiros designaram como dormir, cochilar, sornar, o general João Lourenço fez mais um brilhante (são tantos que já se perdeu a conta) discurso na Califórnia…

Por ser uma obra-prima do Mestre, e não vale a pena os arruaceiros dizerem que foi antes a prima do mestre de obras, importa registar, na íntegra, o discurso do Presidente da República na cerimónia de concessão dos serviços ferroviários do Corredor do Lobito. Refira-se que o discurso foi efusivamente aplaudido por outro presidente (o do MPLA), bem como pelo Titular do Poder Executivo:

«Permitam-me começar por agradecer vossa presença nesta cidade hospitaleira do Lobito para testemunharmos uma actividade que é verdadeiramente relevante para as economias dos nossos três países, para a fluidez das trocas comerciais no quadro da zona de livre comércio continental africano e para o comércio internacional.

Agradeço ao Presidente Félix Tshisekedi e ao Presidente Hakainde Hichilema por terem aceite de imediato o convite que lhes enderecei, para juntos assinalarmos o início de uma nova página no desenvolvimento económico de nossos países e da região, que visa acelerarmos o crescimento do comércio doméstico e transfronteiriço ao longo do corredor portuário-ferroviário que começa nesta cidade do Lobito.

Acreditamos genuinamente que juntos somos mais fortes e que contribuir para o desenvolvimento económico e social dos nossos países é uma tarefa perfeitamente exequível e ao nosso alcance.

O Corredor do Lobito como é hoje, mais o ramal Luacano-Jimbe a ser construído para ligar o Caminho de Ferro de Benguela à Zâmbia, vai seguramente dinamizar as exportações dos nossos países com destaque para os produtos agrícolas, florestais e minerais para o mundo a preços mais competitivos e com maior rapidez e segurança no transporte ferroviário e marítimo para os mercados europeu e americano.

É neste contexto que na última reunião do G7 no Japão, o Corredor do Lobito foi mencionado pelo presidente norte-americano Joe Biden como um importante projecto transnacional elegível para ser financiado pelos Estados Unidos da América.

O Corredor do Lobito tem importantes infra-estruturas, como o Porto Comercial do Lobito, o Porto Mineraleiro e os Caminhos de Ferro de Benguela que, ao longo dos anos, foram beneficiando de reabilitação e modernização. Tem por isso um enorme potencial para impulsionar o sector produtivo, a agricultura, a indústria e o comércio do nosso país e dos países vizinhos que, pela sua localização geográfica, não têm saída para o mar.

Com este acto de passagem da responsabilidade de gestão e exploração das mãos do Estado angolano para o consórcio vencedor do concurso público, confiamos que serão feitos os investimentos necessários com vista a garantir maior eficiência na operação, aumentar consideravelmente os volumes de carga a transportar e a preços mais competitivos, aumentar a oferta de trabalho e melhorar as condições de vida de seus trabalhadores.

Esperamos que explorem ao máximo as potencialidades destas infra-estruturas postas à vossa disposição, tirando delas o maior rendimento possível para que, no futuro, possamos concluir que o passo que demos foi realmente o mais acertado, que terá valido a pena dar este passo que só pecou por ter chegado tarde.

Olhemos para este corredor não apenas como uma via rápida para a exportação dos minérios e de outras matérias-primas abundantes no nosso continente, mas também como uma oportunidade para nos desenvolvermos, para a instalação de indústrias transformadoras no percurso do corredor e podermos, então, colocar no mercado internacional produtos manufacturados nos nossos países, com valor acrescentado.

Aqui, nesta cidade do Lobito, estamos hoje a falar apenas de uma infra-estrutura do Corredor do Lobito que abarca o Caminho-de-Ferro de Benguela, Porto Comercial e o Porto Mineiro. Mas gostaria de dizer que um dos grandes problemas que o nosso continente atravessa é o da escassez de infra-estruturas, no geral, de infra-estruturas para produção e transportação de energia, para produção de água e de infra-estrutura de telecomunicações.

Felizmente, presenciámos aqui a ligação por fibra óptica entre Angola e Zâmbia e Angola e a República Democrática do Congo, que facilitará a comunicação destes dois países, não apenas com Angola mas, de forma geral, com o resto do mundo.

O importante não é apenas os países investirem em infra-estruturas. O importante é que os países partilhem estas mesmas infra-estruturas com outros países. Se nós quisermos a integração regional, temos de ter canais de comunicação como este Corredor do Lobito. Precisamos também partilhar a energia que os nossos países produzem ou virão a produzir no futuro. Angola está a fazer importantes investimentos no sector energético e contamos, nos próximos anos, ter excedentes e partilhá-los com os países vizinhos.

É hora também de começarmos a pensar na ligação entre os nossos países africanos, de uma forma geral, mas de forma concreta entre Angola, Zâmbia e a RDC; em investirmos, não necessariamente com recursos públicos, em auto-estradas que liguem os países da SADC – a RDC, Angola, a Zâmbia, a Namíbia, a África do Sul e outros países que constituem a nossa região que, por sinal, é muito próspera.

Agradeço a presença de todos que quiseram testemunhar este importante acto, que a partir do dia de hoje representa um virar de página no que diz respeito à economia da nossa região.»

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